#3 Uma Viagem Musical por Diamantina – do Barroco à Bossa Nova (Parte 1)

 

Hoje tive a honra de conhecer o especialista em música Wander Conceição, de Diamantina. Wander é músico, pesquisador e coautor do Livro La Mezza Notte – O Lugar Social do Músico Diamantinense e as Origens da Vesperata.

 

Aqui está o Wander executando “Águas de Março” (ou 三月の雨」como é popularmente conhecida no Japão) de Tom Jobim. Também é maravilhoso ver aqui a Orquestra Jovem de Diamantina e o maestro Reginaldo Cruz (com quem estou também trabalhando para a nossa apresentação do mês que vem).  

 

Wander também realizou pesquisas sobre a vida de João Gilberto (1931-2019), uma das figuras mais importantes no desenvolvimento da Bossa Nova. João Gilberto morou em Diamantina de 1955 a 1957 e foi nessa época que ele se concentrou no desenvolvimento do seu estilo próprio, que se tornaria pioneiro no movimento da Bossa Nova. Mas antes de entrar nesse assunto, o Wander me apresentou o contexto histórico de como a música se desenvolveu em Diamantina e a influência mais forte dessa música. 

 

Foi fascinante conhecer a pesquisa do Wander, que explora o papel significativo que Diamantina desempenhou no desenvolvimento da música no Brasil a partir do século XVIII. Wander explicou que foram predominantemente as necessidades da Igreja Católica que impulsionaram o desenvolvimento da música no estado de Minas Gerais durante o período barroco. O compositor Lobo de Mesquita (1746 - 1805) foi uma figura-chave em Diamantina durante esse período. 

 

Assim como a arquitetura colonial de Diamantina (a cidade é Patrimônio Mundial pela UNESCO), a música também foi importada da Europa. Ao ouvir as explicações do Wander, percebi que o papel histórico da música barroca em Diamantina é significativo, pois essa música acabou se disseminando e sendo levada para o Rio de Janeiro no século XIX.  Como havia  muitos antecedentes históricos a serem abordados antes de chegarmos à música do século XX, não chegamos à Bossa Nova ainda! Sendo assim, o Wander gentilmente se ofereceu para continuar essa conversa em outra sessão na próxima semana.

 

Por falar nisso, vou ouvir de novo esta execução da Salve Regina do Lobo de Mesquita, do Festival de Música Antiga de Diamantina. Há ainda muito material do Lobo de Mesquita a ser explorado...

Tradução: Ânderson Arcanjo